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Alexandra Neto

Dom | 28.01.18

XANALESSONS // VAMOS FALAR DAS CRISES DA SEMANA?



Estava num jantar quando o meu telefone tocou* com a bronca, que só consegui ler quando cheguei a casa, com pouca cabeça para "digerir". Na manhã seguinte, como sempre, antes de "acordar", dei aquela vista de olhos básica nas redes sociais. E, estava em todo o lado. Aliás, nessa manhã, não se viu outra coisa.

Ulyana Sergeenko e Miroslava Duma têm uma coisa em comum comigo e com milhares de outras pessoas: gostam da música Niggas in Paris (agora, parece, é de bom tom fingir-se que sempre se escreveu "Ni**as in Paris") e usam-na como referência pop. CALAMIDADE! Sim, desde aí, relembrei-me que, no outro lado do oceano (onde, btw, foi criada a música em questão), Nigga é um termo com uma carga negativa e ligada ao racismo [sabia, mas confesso que não tinha presente, especialmente no contexto da expressão da conhecida música]. E os americanos (e não só, claro, já sabemos que na era das Redes Sociais, somos um só no que toca a solidariedade ao próximo quando toca a espalhar ódio e revolta), que não faz ideia que na Europa (pelo menos) a palavra não tem essa mesma carga, JULGOU E ARRASOU a dupla russa de it-girls e empresárias. 
É que nem me lembro da música alguma vez ter causado polémica, mas este era um alvo tão fácil, afinal! Parvinhas da moda, acha a maioria que nem sonha tudo o que ambas atingiram (especialmente a Mira), por mérito próprio. Basta pôr os olhos no Instagram dela, para verem que é só glamour e pequenos-almoços de hotel. ZERO trabalho por um objectivo muito esquecido pelos grandes nomes da moda: uma produção mais sustentável. Enfim... Ainda o dia ia a meio.


Eis que Brian Boy decide publicar um vídeo de 2012 de Mira com comentários pouco simpáticos sobre ele. Sim, os comentários são indiscutivelmente maus (não lhes vou colocar um dos labels da moda, porque esta semana já nem os aguento ler), dignos de uma pessoa com a mente fechada - especialmente para quem tinha criado um poderoso meio de comunicação digital, com muita influência na comunicação de moda na Europa de Leste. 


Caiu o Carmo e a Trindade. Dou de barato: os comentários eram chocantes de ouvir em 2018. Temos tido uns anos muito fortes no que toca à abertura de mente quanto às roupas (e toda a questão no geral) transgénero, e parecia que aquilo estava a ANOS de distância. Mas, oh wait, ESTAVA MESMO. A Vogue Espanha poupa-me o Latim e aborda a questão da melhor maneira possível, tendo como base a explicação da Miroslava sobre a segunda polémica do dia: o que pensavam vocês em 2012? Que ideais tinham? Em que é que acreditavam?? Eu nem sequer me consigo lembrar bem, por isso... Quem sou eu para julgar quem quer que seja?

Já a caixa de comentários das várias publicações e perfis em causa (e muitos tantos que se meteram ao barulho e, em grande parte, para se aproveitarem do hype da questão), espelhava aquela que, para mim, foi a verdadeira BARRACA da semana: ódio, ódio e mais ódio. Insultos grátis, zero conteúdo. Bloggers e Influencers de nome e renome (que outrora só quereriam ser vistas ao lado de Miroslava) a chamarem-lhe Basic Bitch e muito pior. Ahhh, telhados feitos de pedra, estes.

Aquilo que ninguém parece questionar é: porquê agora?? Quem teve este vídeo guardadinho para este dia? Anos e anos depois, POW. Acho estranho que ninguém questione isto. É claro que isto não deu polémica antes porque, talvez (e infelizmente), esta opinião NÃO FOSSE assim tão anormal - e ainda bem que existem bloggers como o Brian que abriram muitas mentes. Mas... Se ele não gostou de ver uma pessoa a dizer aquilo, porquê responder (e fazer com que muitos façam o mesmo) na mesma moeda? 


E é isto. Um comentário no artigo do BOF, diz TUDO. 
Eu nem estou aqui a dar a minha opinião sobre nenhum dos ideais "atingidos", apenas sobre os factos e sobre aquela que é a grande questão: quando vamos parar de espalhar tanto ódio? QUANDO? É que, ao contrário de tantos outros estereótipos e "fobias" que temos vindo a "vencer", o maior problema (que os gerou), mantém-se e predomina: ódio, raiva e frustração. E isso leva-me a estar cada vez mais afastada das redes sociais (ainda que o meu trabalho seja em Digital e passe em grande parte por Social Media) e das polémicas que se geram nelas. Incrível como certas realidades ganharam tanto com as Redes Sociais, e outras pioraram. Leva-me a concluir que o mundo, no final, está igual: cheio de ódio, com os valores vazios e/ou trocados.




Enfim... Mas, a semana ainda não tinha terminado. E eis que Alexandra Pereira, aka Lovely Pepa, revela a sua própria bomba:



E, já que falamos em ódio, o que dizer disto? Eu fiquei chocada. A Vogue Espanha foi posta debaixo de fogo e, claro, depois de ter os fóruns em baixo, acabou com os mesmos. Eu acho TRISTE que a solução seja acabar com os fóruns... O que precisa de ser terminado seriam os canais criados para um fim que não os de partilhar experiências e opiniões. 

Só tinham que admitir que, por interesse ou negligência, não tinham terminado com os canais antes e fazê-lo agora. Não, como é costume hoje em dia, agir sobre o peso da polémica para uma acção extrema. A vida não é a preto e branco, e não é a fazer tudo EM GRANDE (vamos ACABAR com isto, ok? Calem-se lá agora.) que se alteram mentalidades. Mas terminar polémicas é o que é preciso, não é verdade? Hoje, domingo dia 28 (apenas 3 dias depois do vídeo), nem sequer existe um artigo na homepage do site. Ficaram-se por um post de Instagram com um textinho politicamente correcto, e já está. E isso, sim!, demonstra a pouca importância REAL que isto teve na mesma.  



Uff, desculpem o tamanho do post, mas precisava falar e pensar nisto. E, agora que o fiz, até me sinto de mau humor. Decididamente, vou manter a minha decisão de ler menos e menos sobre as polémicas do dia... 



* a portadora da bomba foi a incrível Raquel Felino, que podem (e devem) seguir aqui

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