Li, recentemente, um texto fantástico no Petiscos (da Julia Petit) sobre tendências hoje em dia, cuja 'genialidade' pode ser resumida no seguinte excerto:
"Sabe aquele sentimento de vergonha que a gente tem quando vê fotos de 20 anos atrás e pensa: “Meu Deus, como eu usei essa roupa, que ridículo!” A sensação agora é de que o pessoal está fazendo a mesma coisa, só que com roupas que usava há poucos meses."
A verdade é que, apesar de já termos percebido que editoriais servem "apenas" para inspirar, dá para reparar que há muito boa gente que ainda não percebeu que as montras também. Que a variedade existe para nos dar poder de escolha na hora de comprar, e não para nos dar poder de escolha a partir do nosso guarda-roupa.
A novidade é sempre "refreshing", é muito bom sairmos da rotina com uma peça diferente e "out-of-the-box", mas é ainda melhor, e mais importante, o poder de escolha. E sair por aí a comprar tudo o que há de novo, e que é "tendência" (termo que começa a estar démodé), não é ter poder de escolha, não é ter gosto próprio, não é inspirador. Inspirador, para mim, é ver alguém "rocking" uma peça com dois ou três anos (sim, apenas dois ou três, já é uma coisa RARA), muito mais do que alguém com o último it da Zara ou da H&M.
No mesmo texto, a autora refere ainda que Garance Doré decidiu estar uns tempos sem comprar muito por sentir falta da "adrenalina" de andar a namorar uma peça, por sentir que comprar estava a tornar-se algo banal, em vez de especial.
Então é isto - é isto mesmo que tenho feito já de há uns bons tempos para cá, e é isto que vos sugiro. Namorar a peça. Saber escolher. Saber distinguir algo que é bonito ali na prateleira, de algo que gostamos e vamos realmente usar. Não comprar na hora, sentir a alegria de "finalmente" ter aquela peça, aquele par de sapatos.
Word sista! É exactamente isso que penso. Li o artigo da Julia e confesso que senti alguma empatia com a escrita dela. Talvez pelo projecto que fiz que me obrigou a ser menos consumista, aprendi a namorar as peças e verificar se são realmente aquilo que eu quero, se passados 3 dias ainda continuo a pensar naquilo... E torna tudo muito mais especial!
Não tinha lido o texto da Julia, e babei sobre cada palavra. Acho que fizeste um óptimo apanhado da ideia geral, e ainda complementaste perfeitamente com o espírito aqui do blog. Se há coisa que eu amo no meu guarda-roupa, é ver a enorme miscelânia de estações e supostas antigas tendências que por ali andam. Gosto de cada peça que tenho no meu roupeiro, e apesar de (ainda) comprar mais do que preciso, cada compra é levada a cabo com todo esse sentimento e processo a que te referes. Gosto de ver as novas colecções a invadirem as lojas, mas no fim da estação, as peças que trouxe para casa, contam-se pelos dedos de uma mão, e são sempre as "tais" que se enquadram perfeitamente com o meu estilo e com o que me sinto bem. E acho que é tão bom viver assim!
Achei o texto bastante interessante sem esuqecer, contudo que existe espaço para ambos. Se por uma lado, as tendências mantêm as pessoas entusiasmadas, as dutas peças intemporais oferecem uma certa estabilidade e sensação de conforto das peças há muito conhecidas.
Concordo TANTO contigo! E tenho posto isso em prática. Irrita-me solenemente quando vejo bloguers portuguesas a comprarem tudo o que saia na Zara, tudo o que é considerado "tendência", e a usarem isso massivamente, todas das mesma forma. Cansa. A moda e o estilo são feitos por nós e devem reflectir aquilo que somos e sentimos, não que passamos a vida a ler a Vogue ou a ver os novos post's das grandes bloguers internacionais. Já tinha falado contigo sobre isto e a minha opinião sobre isto está cada vez mais firme. Quero poder olhar para as minhas fotos de agora daqui a vinte anos e dizer que a pessoa que lá estava retratada era inteiramente eu!
Tenho a mesma opinião que tu! Eu não compro roupa há imenso tempo, aposto nos acessórios. Utilizo camisas (agora tendência) que usava há anos e continuam perfeitas e a fazer a diferença em qualquer look. A nível de lojas fast fashion acho que estão muito 'iguais' e as pessoas compram tudo e mais alguma coisa que esteja em voga. Eu gosto muito mais de apostar em acessórios do que propriamente comprar várias peças de roupa só por que estão muito 'in'. E também sinto que a 'loucura' de se apaixonar por uma peça e namorá-la durante imenso tempo está a cair em desuso. Enfim! :) Beijinho www.moodfashionlove.com'