Foi coincidência ter visto isto na semana em que deceram as temperaturas (fui à App da Zara procurar uma peça para uma amiga), mas foi uma excelente coincidência. Se tivesse visto um polo de caxemira com 40º à sombra, possivelmente nem tinha reparado... Mas, de facto, esta semana relembrou-nos que, já-já estão a chegar os dias fresquinhos e, um pouco mais para a frente (há quem diga que só para o Natal), o FRIO. E, garanto-vos - enfrentar um dia de frio com esta peça será, certamente, algo muito mais prazeroso:
Relógio, Nixon | Colar, Cinco | Camisa e Calças, Toteme | Tote, Lauren | Sapatos, Uterqüe
Algures em 2013 (ou 2012, ou 14, ou... alguns dos muitos anos que este blog já tem) este set já existiu. Provavelmente mais que uma vez.
Neste momento, o real mood é este: o regresso da camisa azul, as calças de ganga azul a direito, uma tote preta, colar da Cinco e Nixon em dourado, arrematado por uns "sapatos da vez" (isso sim, tem tendência a mudar). É este o mood para quando tiver que dizer um "até já" aos vestidos curtos e adoptar - de vez - o regresso ao escritório.
Há uns dias, no post das tendências, falei do facto de nem todos termos de usar "150 tendências" no mesmo mês. Porque, se julgássemos o mundo pelo que vemos no Instagram (não o façam em NENHUM aspecto), talvez seja essa a ideia que passa.
Mesmo que se repitam peças, o certo é que NÃO AS VEMOS repetidas. Porquê? Nunca percebi. Ainda no outro dia li no Who What Wear: "rewearing the same clothes is not a sin, it's true style"!
Porque, é MUITO isto.
Ponto 1. Repetir roupa não é repetir o mesmo conjunto.
Ponto 2. Quem consegue repetir peças é, de facto, quem sabe o que faz.
Mas, again, não é de todo este o mood que se sente na rede social que, neste momento, domina tendências e estilo - o Instagram. De facto, basta um pequeno scrool por volta das 21h para ficarmos com a sensação de #WishList desactualizada(quando ainda nem sequer tínhamos pensado bem nas peças que poderíamos efectivamente comprar). E não é ver diferentes peças-tendência em diferentes pessoas. É ver um look com uma (ou mais) peças-chave num dia, a mesma coisa em "20 looks" no dia seguinte e "50" até ao final da semana. Todas com a mesma peça ou o mesmo conjunto, de preferência na mesma cor, na mesma semana. Na seguinte? Haverá mais, com certeza.
Isto, além de uma falta de personalidade tremenda, demonstra bem a velocidade a que o mundo anda (mesmo a real tendência sendo a oposta, mas isto demora a chegar a todas as freguesias). Mas não se sintam pressionadas, por favor. Vejam nestes perfis uma fonte de inspiração, uma montra bem feita (e lembrem-se que 80% das peças é oferecida, 15% é devolvida e apenas 5% é efectivamente uma compra).
“I love wearing things over and over again and putting a different spin on [an outfit]. I think it makes content more relatable if anything”
Diz Anum Bashir (@desertmannequin) ao mesmo artigo do Who What Wear.
Aliás, não só a tendência Slow Fashion é o grande mood, como agora as grandes jogadoras da parada tentam (e nota-se) comprar cada vez mais vintage, mais marcas emergentes e, numa jogada ainda mais interessante, usar peças que já não estão disponíveis.
A prova disso foi exactamente umas sandálias da Mango (que estiveram imenso tempo em saldos) que começaram a aparecer em alguns perfis que sigo e que, vim a descobrir por um artigo algures, que estava a haver uma grande procura das mesmas - quando já não existiam! Já tinha acabado a época de saldos ou já estavam esgotadas (can't remember), e foi aí que aconteceu a febre. O mesmo com a saia leopard da Zara, que agora apenas pode ser encontrada num modelo bastante diferente do original.
Recapitulando: o Instagram é o que é. Uma montra bem feita (se seguirem pessoas com as quais se identificam e com um perfil cuidado), uma fonte de inspiração que tenta renovar-se (quase) a cada dia. Mas na vida real (e mesmo no Instagram), não só não há qualquer problema em repetir peças, como isso é um sinal indiscutível de um conceito que é muito aclamado mas pouco praticado - o tal "true style".